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Escarrapachado quinta-feira, fevereiro 23, 2006 pela Cuca.
Agora deu-lhe para cantar, imagine-se!
Ando eu arreliada por causa dumas coisas que me andam a acontecer lá na escola (antes que me encham a caixa de comentários com perguntas, são problemas com gajos, ok?), chego a casa com a cabeça em água, sem me apetecer fazer rigorosamente nada, sem apetite nenhum, sem querer tomar banho e o meu pai ainda se põe a cantar ao meu ouvido.
E eu juro que me passo com aquilo tudo. Ai que irrrrrritante!
O gajo pega-me ao colo, eu esperneio porque quero sair dali, mete-me numa banheira enorme, eu ali cheia de frio, às tantas leva-me para a cozinha, espeta-me colheradas e colheradas de comida pela goela abaixo, eu arrelio-me ainda mais.
Depois dá-lhe para se abraçar a mim, fico com o raio da minha cabecita prensada entre a sua mãos direita e aquela cabeçorra loura e, aqui é que eu me passo mesmo, começa a cantar.
Se fossem músicas porreirinhas ainda vá que não vá. Uma Madonna, uma coisa alegre, upa upa, bailadeira e tal. O gajo até sabe que eu de manhã gosto de ir para a escola a ouvir o Sorry e a abanar o capatece. Mas não, põe-se com aquela voz de bagaço a cantar cenas brasileiras do tempo da carochinha e mais ó caneco.
E custa-me ver a minha mãe, ali, impotente, sem poder fazer nada. Nem sai, nem desocupa a moita. Estou lixada com este gajo.
Ele que se cale, não é?
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Escarrapachado quarta-feira, fevereiro 22, 2006 pela Cuca.
Confesso, fui catada!
A minha mãe já andava a desconfiar. Eu passava a vida a falar dos meus coleguinhas da escola e punha sempre o seu nome à frente de todos. Era aquele que eu me lembrava primeiro. Mas gaita, mãe é mãe, não é? Pode saber destas coisas à vontade.
Hoje chego à escola com o meu pai, entro na sala e lá estava ele. Ainda o meu pai me estava a despir o casaco já eu estava a gritar pelo seu nome.
- Afonxxxxxxxxxoooooooooo!
Ele viu, mas não me ligou nenhuma. Continuou a jogar à bola com mais outros putos parvos.
Ai a gaita, pensei eu. Fui ter com ele, segurei-lhe num braço, dei-lhe um abraço, um molho de beijos e fomos os dois juntinhos para a janela ver as tartarugas.
Ooooohps! Com isto tudo esqueci-me de me despedir do meu pai. Fui catada!
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Escarrapachado segunda-feira, fevereiro 20, 2006 pela Cuca.
Gosto de adormecer com uma musiquinha de pano de fundo. Uma coisa calma e tal. Puro relax.
Sucede porém que o meu pai costuma por uns cd's com slows lá do tempo em que ele se andava a roçar às namoradas quando ía para as discotecas. E eu juro, a coisa resulta. Acalmo, fico ali a adormecer os meus manos.
Só me começo a passar porque às tantas o gajo tem lá nesses discos o inenarrável Lady in Red do Chris de Burgh e mais aquelas músicas melosas dos Foreigner. Agora digam-me: como é que eu não hei-de ter pesadelos?
Este Sábado fiquei o dia sózinha com o meu pai. E logo de manhã a coisa começou logo em beleza: fomos os dois passear para a Fábrica da Pólvora. Até aqui tudo bem, estava solinho, não chovia, tudo fixe, não é?
Mas algures em S. Marcos - um sítio lindíssimo, diga-se de passagem (blhaghhh!) - por causa do meu pai ter a mania que é o Fitipaldi, estava meio tonta, descuidei-me e fui ao greg. Já tão a ver o filme, não é? Aquilo tudo sujo, uma nojice dos diabos: casaco, camisolas, calças, botas, boneca, cadeirinha.
Bom devo aqui dizer que o meu cota foi impec. Acalmou-me os nervos, levou-me para casa - ainda voltei a vomitar no caminho - deu-me banho, lavou as roupas na banheira com detergente cheirosinho, etc
Mas como no melhor pano cái a nódoa. Estava já refastelada a almoçar, o gajo chega-se à minha beira com aquela coisas chatas do "dá cá um beijinho e tal" e às tantas eu começo a notar que ele estava com um cheiro esquisito no corpo. E pergunto-lhe: olha lá, ó meu tóne do caraças, que raio de cheiro é esse? Ele estranhou a pergunta, começou a cheirar os braços e o cabelo e só depois é que reparou que tinha tomado banho com Soflan.
Alguém que me rife o gajo, pá. Dah!!!!!!!!!!!
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Escarrapachado quinta-feira, fevereiro 16, 2006 pela Cuca.
Os meus pais andam numa fase que é fazer de mim um bichinho amestrado. E eu, tudo bem, alinho na coisa:
- o que é isto? perguntam eles
- é um memé. respondo eu. e eles ficam histéricos e tal, começam a bater palmas e a dizer iééeeee. Já não há cú para os aturar.
Depois têm a mania de me ensinar palavras: elefante, zebra, camelo, etc. A minha pergunta é: para que raio preciso eu de saber estas palavras? Quantas vezes vou eu ver estes bichos? Que utilidade é que esta informação terá no futuro. Não será melhor ensinarem-me a distinguir o lombo da alcatra?
E acrescento o seguinte: não seria melhor ensinarem-me coisas que eu preciso no dia a dia, como por exemplo, a utilização do comando da tv: a utilização do comando do dvd; onde estão guardados os biscoitos em forma de urso; como conseguir tomar medicamentos sem me arrepiar; como é que se cospe quando temos catarro, etc...
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Escarrapachado quarta-feira, fevereiro 08, 2006 pela Cuca.
Estou toda marada: febre, tosse, catarro, etc. Ainda pensei que fosse do pessoal lá no infantário andar a fumar à minha beira, mas só mais tarde é que percebi que não. Que lá, até é proibido fumar. Deve ser mesmo uma maleita qualquer.
Acho bem essa gaita que os crescidos inventaram de não podermos trabalhar enquanto não formos grandes. Acho mesmo bem. Até porque nem queiram saber as vezes que já teria faltado ao meu bules, desde que vim lá da maternidade. Volta e meia, tunga, lá vou eu para casa. Com este número de faltas, era certinho que o meu patrão já me tinha posto a dar de soleta lá do escritório. E a esta hora estava já nas filas lá do Centro Regional da Segurança Social a por os papéis para o fundo de desemprego.
Mas estou tranquila, é de maneira que sempre dou mais uma vista de olhos lá ao Noddy (que continua bom nas horas. ai quem me dera que ele me levasse a dar umas voltinhas no raio do descapotável amarelo...) e no programa do Malato!
Não se apoquentem.
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Escarrapachado sexta-feira, fevereiro 03, 2006 pela Cuca.
Ontem foram-me por na cama. É claro, refilei. Queria uns carinhos da minha mãe e tal. Não me deram e deixaram-me ali sózinha. Fiquei em broa. Comecei a chorar e a soluçar e tal. Não me vinham atender. Fiquei piúrsa! Ai que nervos, pá!
O meu pai ainda veio com falinhas mansas e o caneco. Hipócrita de merda! Estava-lhe cá cum pó. Quando me pegou ao colo não me fiquei e vomitei-o todo.
Depois é que foi curtir. Ui, que cena maravilhosa. A minha mãe a mudar-me a cama, os gajos cheios de sono, ali de cu para o ar a limpar o chão.... Jóinha, mesmo.
E vou vos contar um segredo. O meu pai fica o máximo, em cuecas, de esfregona na mão ali a dar a dar. Que coisa esperta!
Eh, eh! Tadinho dele, até nos chinelos (foleiros, diga-se de passagem) tinha greg que eu lhe tinha mandado. Devem estar cá com um pivete! Ui!
Toma lá que já levaram.
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Escarrapachado quarta-feira, fevereiro 01, 2006 pela Cuca.
Preocupa-me os programas de tv que os meus pais vêem. Ou é o telejornal onde as pessoas dos lares de idosos brincam aos senhores presidentes da república, ou são as guerras, ou são as claques que escavacam os popós dos senhores que tomam conta dos meninos que jogam à bola. Um inferno, um inferno!
E eu pasmo com os meus pais que passam horas em frente aquilo, sabem? Enquanto estou acordada ainda os controlo, puxo-os para verem o Noddy e os Little People que tem coisas engraçadas e educativas, não é?. Mas depois que me deito, sei lá! Sabe-se lá o que aqueles dois tolos se põem a ver.
Ando ralada com isto!
Vejo que há papás e mamãs que se preocupam muito com o excesso de mimos e de colinho com que somos presenteados. Que depois nós crescemos e ficamos mal habituados e tal, não é? Concordo. É algo que também me preocupa. E pratico essa minha preocupação de uma forma activa.
Se não vejamos, a minha mãe vai me tirar da cama de manhã e começa logo "dá um beijinho à mãe". E eu, nada! Chego à cama deles e está o meu pai a ressonar que nem um porco. Sento-me ali ao seu lado e começa logo a abraçar-me e a pedir beijinhos com aquela boca cheia de mau hálito e eu, claro, nada!
No fundo estou a resguardá-los. É que depois habituam-se e não querem outra coisa.
A coisa tem de ser com calmex. Quando estão a fazer comida dou-lhes um abracito nas pernas e tal. Também para não se sentirem rejeitados, coitados. Mas sem abusos. Dussemã, ó ráite? (Nota do editor: doucement, all right?)